22.12.05

Eu não sei...


Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".

E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.

E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
(Pedro Abrunhosa)
...
Esta é sem dúvida uma das músicas da minha vida... Eu não sei... Cada palavra toca profundamente no meu coração e preenche-me a alma... No meu rosto rasgasse um grande sorriso... Eu não sei...
A verdade é que não consigo... não consigo resistir à harmonia da sua melodia... Eu não sei...Talvez preencha os dias vazios... Faça esquecer os medos... E apenas me faça sentir... Eu não sei...
E partiu... Será que partiu?
Não, acho que não... Eu não sei...Mas uma asa voa a cada beijo...
Serei dona do céu?
Eu não sei... Será alguém dono do meu céu?
Eu não sei...
Só sei... Que afinal não sei quem perdi... Ou então quem me perdeu... Será que algo foi perdido?
E tantas noites mais... Eu não sei... Abraçada no tempo tornei a vida um momento... Um momento que se eternizou... Um beijo num segundo... Para sempre o mundo...
Eu não sei...

14.12.05

Toque de borboleta...


Será, que é sonho ou realidade
O toque suave das tuas mãos
A sensação arrepiante de...
Desse leve toque de borboleta...
As cores que de olhos fechados vi...
Leves, vivas e esvoaçantes
Pura beleza da Natureza
Como asa de borboleta
Que ao de leve roça na flor
Levando consigo todo o seu odor...
Toda, toda a sua beleza.
Na escuridão da noite
A luz ofuscante do teu brilho
Fez de mim pluma flutuante...
E voei, voei neste sonho de encantar
Nesta doce sensação
De toque de borboleta...
Será sonho, será realidade?
Não importa!
Somente não quero perder
O teu leve toque de borboleta...
Será sonho, será realidade?
Nada interessa!
Vivo o momento com a intensidade
E na memória fica o doce sabor
Da lembrança arrepiante...
Desse leve toque de borboleta...

7.12.05

Segredos...


Segredos...
Não os tenho,
Sou como o pôr do sol
Ou como o amanhecer...
Prevísivel,
Quem sabe?
Talvez como um rio
Que se percorre
Desde a nascente
Até à foz...
Sem que nunca se perca
O destino das suas águas...
Ao seu ritmo elas correm
Em direcção ao mar...
Correm só para o ver,
E nele se misturarem,
Contando-lhe os seus,
Segredos...
Doces segredos,
Salgados pelo mar...
Eternamente guardados
Neste baú ondulante,
Onde por muito que se procure
Há coisas que nunca
Ninguém irá encontrar...
As lágrimas...
Que pelo meu rosto correram,
Também desaguaram
No mar...
E nele esconderam,
Os meus mais tristes
Segredos...
Estes nunca ninguém
Irá escutar...
A dor que chorei,
Apenas será lembrada
Pelo som das ondas
Lançadas à terra
Pelo mar...